Vítimas LGBTQIA+ atendidas pelo SUS em SP sobem 1.200% em 10 anos
Vítimas que sofreram violência e foram atendidas pelo SUS em São Paulo somam 13 mil casos registrados em 2023
atualizado
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Um recente levantamento feito pela Associação Paulista para Desenvolvimento da Medicina (SPDM) em parceria com o Ministério Público de São Paulo (MPSP) revelou que o atendimento à pessoas LGBTQIAPN+ vítimas de violência no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o estado de São Paulo teve um aumento de 1.200% em 10 anos.
O número de atendimentos registrados em 2014 foi de 1.063, enquanto em 2023 atingiu 13.804, um salto de 1.198%. Os dados foram baseados em informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificações do Ministério da Saúde.
Entenda as denúncias
- Dentre os 72.654 casos entre 2014 e 2023, 15% deles foram de violência motivados por sexismo.
- 7% por homofobia, lesbofobia, bifobia ou transfobia.
- Em quase 50% dos outros casos, o motivo foi ignorado ou tido como “outro”.
- Segundo a pesquisa, os demais motivos apontados incluem racismo, intolerância religiosa, xenofobia, conflitos geracionais, situação de rua e deficiência.
- Algumas ocorrências somam mais de um tipo de violência: 55.199 envolviam violência física; 23.926 violência psicológica; 14.584 violência sexual e 3.040 tortura.
“A violência contra a população LGBTQIA+, além de condenável, já pode ser considerada um problema de saúde pública. É fundamental que os serviços de saúde estejam preparados para atender adequadamente as vítimas com equipes multiprofissionais especializadas, acolhimento e humanização”, afirma o presidente da SPDM, Ronaldo Laranjeira, um dos responsáveis pelo estudo.
Quem são as vítimas
Do total de casos, homossexuais representam 55,7% das vítimas. Mulheres trans são 28,6%, bissexuais são 14,1%, homens trans 8,2% e travestis 5,7%. Em 20% dos registros não foi possível identificar a identidade de gênero.
Em relação a raça, quase 44% das agredidas se declararam pardas, 38% brancas e 11% negras.
Quem são os agressores
Nos casos em que houve registro do agressor, 4,11% eram o pai da vítima e 3,73% a mãe. Na lista dos prováveis agressores inserem-se padrastos, cônjuges, ex-cônjuges, namorados e ex-namorados, filhos, cuidadores, patrões e até mesmo policiais.